Entende-se como doenças cardiovasculares não apenas a doença arterial coronariana com suas diferentes apresentações (angina estável, angina instável, ou infarto agudo do miocárdio) mas também as doenças cerebrovasculares que levam ao acidente vascular cerebral (AVC), a doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) e a insuficiência cardíaca.
A avaliação precisa deste risco, realizada por um médico, é fundamental para que se possa propor o tratamento clínico mais adequado para cada tipo de paciente com diferentes estratégias e diferentes metas terapêuticas.
Para o cálculo deste risco, o cardiologista utiliza informações extraídas da anamnese (história clínica) e do exame físico além da história patológica pregressa, dos hábitos de vida e da história familiar prévia de doenças cardiovasculares. Alguns exames complementares também poderão ser úteis em ocasiões específicas para aprimorar o cálculo deste risco.
Para estimar o risco da doença cardiovascular em pacientes assintomáticos e sem doença cardiovascular conhecida, foram criados os chamados escores de risco baseados em análises de grandes estudos populacionais. A utilização destes escores pode aprimorar substancialmente o cálculo deste risco.
Os escores mais amplamente utilizados pelos cardiologistas são:
- O Escore de Risco de Framingham
- O Escore de Risco de Reynolds
- O Escore de Risco Global
Basicamente estas ferramentas irão pontuar diferentes variáveis clínicas e laboratoriais chegando a um cálculo do risco de um evento cardiovascular em 10 anos.
As variáveis contempladas nestes escores são: sexo, idade, dosagem do colesterol total, dosagem do HDL colesterol, presença do tabagismo, tratamento para hipertensão, pressão arterial sistólica, história familiar para doença arterial coronariana precoce e dosagem no sangue da proteína c reativa PCR-T.
Pacientes que já manifestaram doença arterial coronariana nas suas diferentes formas de apresentação (angina ou infarto), AVC, doença arterial periférica, procedimentos de revascularização arterial (percutâneos por meio de stents ou cirúrgicos), insuficiência cardíaca ou mesmo os equivalentes como diabetes melito 1 ou 2 ou doença renal crônica devem ser encarados como pacientes de alto risco e tratados como tal. Nestes casos os escores não devem ser aplicados pois o risco já esta estabelecido.
Calculadoras eletrônicas com estes algoritmos podem ser facilmente encontradas na internet.
- General Cardiovascular Risk Profile for Use in Primary Care
- Reynolds Risk Score
- Risk Assessment Tool for Estimating Your 10-year Risk of Having a Heart Attack
Com base nestas calculadoras serão considerados de BAIXO RISCO, aqueles com probabilidade < 5% de apresentarem os principais eventos cardiovasculares (doença arterial coronariana – DAC, AVC, doença arterial obstrutiva periférica ou insuficiência cardíaca) em 10 anos. Os pacientes classificados nessa categoria e que apresentem histórico familiar de doença cardiovascular prematura serão reclassificados para risco intermediário.
São considerados de risco INTERMEDIÁRIO, homens com risco calculado ≥ 5% e ≤ 20% e mulheres com risco calculado ≥ 5% e ≤ 10% de ocorrência de algum dos eventos citados.
E são considerados de ALTO RISCO, aqueles com risco calculado > 20% para homens e >10% para mulheres no período de 10 anos.
Os pacientes de risco intermediário que apresentarem fatores de agravantes de risco deverão sem reclassificados para alto risco. São considerados fatores agravantes:
- História Familiar de doença arterial coronariana prematura (parente de primeiro grau masculino < 55 anos ou feminino < 65 anos)
- Microalbuminúria (30-300 mg/min) ou macroalbuminúria (>300 mg/min) (presença de proteína na urina)
- Hipertrofia Ventricular Esquerda (avaliada pelo ecocardiograma)
- Proteína-C reativa de alta sensibilidade > 3 mg//L
- Evidência de doença aterosclerótica subclínica Estenose/espessamento de carótida (EMI) > 1mm. (observado ao doppler de carótidas e vertebrais)
- Escore de cálcio coronário > 100 ou > percentil 75 para idade ou sexo
- Índice tornozelo braquial (ITB) < 0,9
Concluindo, o cálculo preciso do risco cardiovascular realizado por um profissional habilitado possibilita não apenas prever a possibilidade de um evento cardiovascular ao longo da vida, mas principalmente, permite o estabelecimento de diferentes metas terapêuticas específicas para cada faixa de risco.
Como forma de reduzir estes riscos as seguintes recomendações poderão ser empregadas após uma avaliação cardiológica minuciosa:
- Evitar o sedentarismo realizando atividades físicas regulares e adequadas para cada situação clínica (necessária avaliação médica).
- Combater a obesidade / Hábitos dietéticos saudáveis.
- Evitar o tabagismo.
- Tratar a dislipidemia (alterações do colesterol e triglicerídeos) de acordo com o seu perfil de risco cardiovascular. Cada perfil de risco deverá ter uma meta (faixa alvo) diferente. Observação: O uso de medicamentos para o tratamento da dislipidemia jamais deverá ser feito sem supervisão médica, pois pode levar a graves danos à saúde.
- Controlar a hipertensão arterial seja através de mudanças nos hábitos de vida (dieta com pouco sal, atividades físicas) ou através do tratamento farmacológico que sempre deverá ser prescrito e supervisionado regularmente por um médico. Observação: O uso de medicamentos para o tratamento da hipertensão jamais deverá ser feito sem a supervisão médica, pois pode levar a graves danos à saúde.
- Combater o diabetes através de mudanças nos hábitos de vida e tratamento farmacológico orientado por médico capacitado. Observação: O uso de medicamentos para o tratamento do diabetes jamais deverá ser feito sem supervisão médica, pois pode levar a graves danos à saúde.
⠀Dr. Daniel Setta – Cardiologista – CRM: 52 72959-0
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